terça-feira, 5 de setembro de 2017

XXXV Festival Internacional de Folclore volta a colocar o foco na cultura popular portuguesa e na interculturalidade








O Conjunto Etnográfico de Moldes organizou, pela 35.ª vez, o Festival Internacional de Folclore de Arouca. Com uma programação diversificada, o evento de cariz etnográfico decorreu de 16 a 19 de Agosto e ficou marcado pela descentralização de atividades para aldeias da freguesia de Moldes e pelo reforço da representação internacional, com a actuação de quatro grupos estrangeiros.

O XXXV Festival Internacional de Folclore de Arouca começou com um workshop de construção de marionetas em madeira que suscitou a curiosidade e o interesse junto da população mais jovem do lugar de Ponte de Telhe, em Moldes. À noite, no Largo da Capela daquela aldeia, contaram-se histórias através de um espectáculo de Teatro Dom Roberto. As emblemáticas peças «O Barbeiro» e «Tourada Portuguesa» levaram o público a rir às gargalhadas.

A exibição de «Pelos Trilhos do Andarilho, um documentário-viagem aos caminhos que Ernesto Veiga de Oliveira abriu», no Museu Municipal de Arouca, marcou o arranque do segundo dia de programação. O filme é uma homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira e ao trabalho desenvolvido no âmbito da recolha das vivências do povo português. À noite, voltou-se à freguesia de Moldes. O espectáculo de cavaquinho - um dos protagonistas das tocatas portuguesas -, proporcionado pelo Conjunto de Cavaquinhos Dr. Gonçalo Sampaio, de Braga, deu vida ao renovado adro da Capela de Santa Catarina, no lugar de Fuste, e permitiu que se ouvisse algumas das mais tradicionais músicas portuguesas, desde o Minho até ao Algarve.

Na sexta-feira à noite, o Festival Internacional de Folclore de Arouca regressou ao centro da vila, com o espectáculo e workshop de dança. Dois grupos estrangeiros trouxeram música, dança, cor e ritmo à Praça Brandão de Vasconcelos. O Folklore Ensemble Kujawy, da Polónia, e o Kud Milenko Stojkovic, da Sérvia, animaram a noite, mostrando as suas danças tradicionais e envolvendo, uma vez mais, o público que se despiu do seu papel de observador para participar entusiasticamente na actividade, aprendendo novos passos e contactando com as culturas dos grupos convidados.

O último dia do festival começou com a recepção solene dos grupos de folclore nos Paços do Concelho, à qual se seguiu o desfile etnográfico. Pelas ruas da vila voltaram a desfilar o folclore, o povo e as suas tradições, o colorido dos seus trajes e os acordes do seu instrumental. Destaque para os grupos estrangeiros, desta vez vindos de Espanha e da Lituânia, que foram colhendo admiração e aplausos junto do público que assistia.

À noite, a cultura popular portuguesa e a interculturalidade voltaram a assenhorar-se do Terreiro de Santa Mafalda. O espectáculo de folclore de encerramento do XXXV Festival Internacional de Folclore não desiludiu e manteve o vasto público atento até ao final. O primeiro a subir ao palco foi o Rancho Folclórico de Escalos de Cima, de Castelo Branco, logo seguido do enérgico Grupo Folclórico de Pescadores de Caxinas e Poça da Barca, de Vila do Conde.

Subiu também ao palco a cultura espanhola através da atuação do Grupo de Coros Y Danzas “Luis Chamizo” de Talavera La Real, na qual sobressaiu o ritmo, as danças sincronizadas e as castanholas habilmente tocadas. Seguiu-se o Rancho Folclórico da Boidobra, representativo da Covilhã.

Subiu também ao palco o grupo organizador, o Conjunto Etnográfico de Moldes que, além das habituais Cana-Verde, Tirana e Vira Valseado, apresentou uma inesperada, muito bem tocada e dançada e de inigualável beleza coreográfica Cana Verde D’ Oito. O Folkdance Group “Kauskutis”, oriundo da Lituânia fechou o espetáculo, cativando o público com a sonoridade da sua música, ligeireza de movimentos, rodopios e o colorido dos seus trajes.

Com uma programação de quatro dias, o XXXV Festival Internacional de Folclore de Arouca voltou a colocar o foco na cultura popular portuguesa e na interculturalidade. Para a organização, a viagem da cultura popular até às aldeias de Moldes foi uma “aposta ganha”. “A organização faz um balanço bastante positivo desta 35.ª edição, principalmente porque conseguiu reforçar os dois pilares que sustentam a programação do festival e que são a cultura popular portuguesa e a interculturalidade. O facto de termos conseguido a presença de quatro grupos estrangeiros e termos apresentado um conjunto diversificado de atividades que mostraram o quanto a cultura popular portuguesa é rica, como foi o caso do workshop de construção de marionetas, o Teatro Dom Roberto e o espetáculo de cavaquinhos, é, para nós, muito satisfatório. Queremos também salientar que, nesta edição, a organização procurou claramente descentralizar as suas actividades para onde a oferta cultural é muito mais reduzida comparativamente com o centro da vila. Esta opção fez todo o sentido e foi uma aposta claramente ganha”, afirma a vice-presidente do Conjunto Etnográfico de Moldes, Ana Cristina Martins.

Fotografias de Avelino Vieira


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